Verdade Inconvenientes

Por Miguel Sainún Nozar, economista, escritor e mentor, com uma visão especial sobre o papel do empresário na construção do futuro.

     Lucien Febvre, historiador, filosofo e futurista, afirma: “Cada época fabrica mentalmente seu universo com todos os materiais com que dispõe, todos os fatos, verdadeiros ou falsos, que herdou ou que acaba de adquirir, mas também com seus próprios dons e sua engenhosidade específica, os seus talentos, as suas habilidades, com tudo o que a distingue da época precedente”.

Bem, no girar desse mundo louco, é bom parar de vez em quando e reflexionar sobre algumas verdades que, todavia, que molestas, podem ajudar a mudar nossa percepção da realidade e contribuir para uma postura diferenciada em nosso caminhar por este Planeta Azul. Por exemplo:

Inevitavelmente, tudo muda. Apenas não sabemos quando isso vai acontecer.

Desde o princípio dos tempos conhecidos, de um modo ou outro, os mais fortes impuseram sua vontade sobre os mais fracos.

A teoria econômica ainda não conseguiu explicar por que uns tem tanto e outros tem tão pouco. Isso, desde as origens dos tempos.

Muitos acreditam que estão presos a um sistema que não entendem, não desejam, não atende suas expectativas e que precisa mudar. A grande dúvida é como mudar e para onde.

A história ensina que na guerra, na política e na economia, a primeira vítima é a verdade. O que não deixa de ser uma prova a mais de seus laços sinistros. 

É preocupante a perturbadora semelhança, no mundo todo, entre os erros nefastos cometidos pelas lideranças políticas e os gestores econômicos nos últimos 300 anos e as crises que assolaram o mundo nesse começo de Século XXI, até os dias de hoje.   Nunca aprenderemos?

A globalização não tem criadores, não tem início, não tem pais, simplesmente, aconteceu. Então, consequentemente, não tem compromissos. Quem sabe, deve ser vista apenas como a continuação do processo milenar para tentar encontrar o caminho da prosperidade. Ou, eventualmente, uma forma para impor a vontade dos poderosos – que tudo têm – para a maioria – que pouco ou nada têm.

  *As 1.000 maiores empresas mundiais são uma das partes fundamentais do poder globalizante.  Essa fantástica concentração de força deixa à maioria da população mundial à mercê de decisões apenas guiadas pelos interesses dessas empresas.Duela a quién duela”.

A verdade crua e nua é que o motor do crescimento da grande empresa multinacional, com eventuais excepções(?) é a necessidade e a ânsia de lucro. E do poder a ele associado.

O novo colonialismo veste a roupagem do conhecimento, da tecnologia, das patentes, dos direitos de quem chegou (o fez) primeiro. Persistentemente, repete o passado e pode considerar-se como um dos maiores perigos que assombra o futuro dos países menos aquinhoados.

   *Nos países mais ricos, é natural que grande parte de seus habitantes ambicione desfrutar de um ganho adequado e crescente. Esse segmento da população habitua-se a que isso é perfeitamente natural, condicionando assim seus desejos e expectativas a esse modo de ver sua existência.  Assim sendo, existe uma forte habituação à ideia de consumos continuamente crescentesconceito matriz de um dos credos sagrados do sistema capitalista&liberal : Mais de tudo, sem limites”.

*Se, nos próximos 30 anos, no sistema vigente de produção de riqueza, toda a humanidade tivesse o mesmo padrão de vida que desfrutam os 10% mais ricos – aspiração de nove entre cada 10 nações do globo – seriam necessários cinco ou seis Planetas Terra para satisfazer as demandas geradas por essa opulência.   E o planeta, tal como o conhecemos hoje, seria totalmente devastado, fazendo praticamente impossível a continuidade de nossa civilização. E da vida.

*África, independentemente de quaisquer análises mais profundas, dá a impressão de um continente sem sorte, ainda que 4.000 anos atrás já fosse o berço de civilizações esplendorosas comparáveis com aquelas que brilhavam no oriente. Mas, sua proximidade com Europa, sua fraqueza militar, seu desconhecimento das armas de fogo, a fragilidade de seus governos e a promessa latente na exploração de suas imensas riquezas, foram uma isca irresistível para os impérios europeus dos Séculos XVIII e XIX que não vacilaram em explorar o máximo suas sofridas populações, deixando como herança maldita muitas das mazelas que explicam as penúrias das épocas seguintes.

*O egoísmo é, sem a menor dúvida, um flagelo equivalente a pior das doenças que açoitam a humanidade. Parece que uma parte da sociedade ainda acha que a outra parte habita um outro planeta, perdido no espaço. Isso ajuda, se para outra coisa não serve, na explicação para a proliferação de conflitos, a fragilização da família, o aumento do consumo de drogas, a banalização do sexo, a discriminação preconceituosa das diferenças, o uso crescente da violência, o desrespeito da ética, a promoção do consumismo, o esquecimento da solidariedade, enfim, a lista de buracos negros no tecido social parece aumentar na medida em que somos arrastados na busca desesperada de alguma coisa – qualquer coisa – que proporcione sustentação e guia crível no caminhar para um futuro que atenda nossos anseios e esperança.

        *Uma verdade inconveniente, cuidadosamente ignorada pela “história oficial”, pode ser debitada à exploração desmedida de recursos naturais – o petróleo e o carvão têm lugares de honra – foi (é) a uma das principais responsáveis pelo aquecimento planetário que, potencialmente, pode empurrar nossa civilização para o borde do abismo do fim da vida na terra.

(ADVERTENCIA: devido ao possível risco de ataques súbitos de consciência, de consequências incontroláveis, a leitura do trecho abaixo é terminantemente proibida para mais de 50% dos políticos das Américas, da Europa, da Ásia…).*Segundo Confúcio, “apenas o homem nobre (em termos de moral) deve ser governante e deve sempre procurar rodear-se de conselheiros nobres e virtuosos. O governo deve ser o reflexo de sua moralsua capacidade de amar, sua obediência filial e o respeito a suas tradições”.