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SXSW: de bytes musicais a uma orquestra de inovação

por Rodrigo Haviaras Cancellier*

A citação de Einstein que diz “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original” é a tradução fiel de quem vivencia a experiência do festival South by Southwest. Um evento que começou tímido no ano de 1986, apenas como um festival de música e que revelou, na década de 2000, os até então desconhecidos John Mayer e James Blunt. Depois, desdobrou novas vertentes como filmes, humor e tecnologia. E, ao longo dos anos, firmou-se como um palco de novidades, polêmicas, discussões e inovações.

Debutar neste festival é incrivelmente impactante, com uma avalanche de ideias capaz de inchar qualquer mente. Controlar a ansiedade e a avidez pela quantidade de tópicos e palestras é um dom que você deve levar na bagagem, e um fato é inevitável: você não assistirá a 95% do que planejou. E, quando você acha que encontrará soluções, mais dúvidas e provocações mentais começam a borbulhar em seus pensamentos, e com uma velocidade desafiadora.

Pensar que o telefone demorou 75 anos para atingir 50 milhões de pessoas, a televisão 22 anos, o celular 12 anos, a internet 7 anos, o Facebook 4 anos e o Pokémon Go apenas 19 dias. A primeira Revolução Industrial de 1760 parece ter sido substituída por uma inteligência artificial trimestral. Além dos seus inúmeros benefícios racionais, uma desinteligência sazonal e cíclica capaz de produzir lapsos de ignorância e uma virose cibernética para nossa saúde mental.

Em 1993, Bill Gates proferiu uma opinião infeliz, enfatizando que a internet era apenas um “modismo”, mas logo voltou atrás e hoje está convicto de que “a inteligência artificial é tão fundamental quanto a internet e o celular”. Essa variável vira uma constante em nossas vidas, e uma rotina digital que provoca o mundo real, ao confirmar que cada profissional dos dias atuais manipula cerca de 88 aplicativos em média, e um tempo máximo médio de 13 minutos sem olharmos para o celular, assombrando nossas relações de convivência social.

Saudade e sensação de nostalgia da era analógica, quando, ao invés do celular e seu ecossistema digital, apenas o aparelho de TV de três ou quatro canais era uma ameaça para a família. Ainda me recordo do tema da Campanha da Fraternidade no início da década de 90, simbolizando a imagem de uma família sendo deteriorada pela mídia televisiva. Nem mesmo os futurólogos mais criativos e ousados, com uma inteligência natural aguçada, seriam capazes de prever a instantaneidade dos ânimos e facetas atuais.

Fugindo um pouco da escuridão e deixando um pouco o pessimismo de lado, as conexões e interseções do festival SXSW são inspiradoras, permeando criatividade, estratégia, tecnologia e cultura, com insights intensos para geração alpha, baby-boomers e super-humanos enfrentando crise climática, barreiras da longevidade, famílias da diversidade e novos modelos de trabalho.

Pausando um pouco o lado filosófico do festival, a geografia nos traz dados invejáveis de Austin. A cidade é a décima mais populosa dos EUA e o Texas é a nona economia do mundo, ao aglutinar a maioria das big techs do mundo. É um verdadeiro centro de inovação, com uma estratégia infalível para atração de negócios e talentos, sendo 20% da força de trabalho estrangeiros. É o símbolo da indústria criativa, crescendo 22% entre 2015 e 2020.

O clima do festival é muito acolhedor. Sempre após imersões profundas, futuristas e psicodélicas advindas de palestras e talks, nossas mentes podem relaxar com ativações musicais e entretenimentos mais humanos no entorno do evento. São megabytes de aprendizado se transformando em música para inquietar nossas mentes. O futuro é um maestro que sintoniza arranjos e acordes de dados em uma orquestra perfeita, com métricas da inovação. SXSW, um festival com musicaliDADOS.

Rodrigo Haviaras Cancellier é atual VP de Comunicação da ADVB/SC. Administrador graduado pela Escola Superior de Administração e Gerência (ESAG) e Pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Sócio-fundador da agência de comunicação 9MM, além de investidor de tecnologia e do ramo imobiliário.

Artigo publicado do site Acontecendoaqui