Tanto bate até que fura: Como é possível superar a resistência às novas tecnologias no mercado quando se fala sobre e-commerce?

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Como é possível superar a resistência às novas tecnologias no mercado quando se fala sobre e-commerce?

A inovação é frequentemente subestimada, principalmente quando se trata de tecnologia. Frequentemente, ideias “fora da caixa” são vistas com ceticismo e levadas menos a sério do que merecem. No entanto, é importante lembrar que a história está repleta de exemplos de grandes inovações que foram inicialmente menosprezadas, apenas para se tornarem pilares fundamentais da sociedade no futuro.

Oi Paggo. Meio de pagamento digital lançado pela operadora de telefonia móvel Oi em 2002 via mensagens curtas SMS. Não foi adotado na época por falta de hábito coletivo da adoção de pagamentos por meios digitais e por ser um hábito considerado de risco.

No mercado de e-commerce também não há evolução que não tenha base nos ombros de gigantes. Basta entender que muito antes dos computadores as vendas por catálogo das marcas Hermes, Avon, Posthaus e Natura já aconteciam por meio impresso e com a compra
realizada por carta resposta ou por telefone, esta última forma configurando a parte eletrônica
do nome e-commerce, que nem havia sido batizado na época.

Há cinco anos criei uma nova aplicação para a tecnologia que a Flexy já possuía. Tratava-se de utilizar toda a estrutura da plataforma de e-commerce para marketplaces para criar um
marketplace B2B (Business-to-Business) para que franqueados de uma rede de franquias pudessem comprar com segurança e agilidade num catálogo homologado pela franqueadora.
Aos que não estão habituados aos termos utilizados, B2B é a venda de produtos ou serviços entre empresas, diferentemente de B2C ou D2C que visam ao consumidor final, ou aquele que consome de fato o produto.

Os fornecedores homologados são aqueles que uma rede de franquias escolhe como empresas preferenciais ou exclusivas para fornecimento de insumos necessários para as lojas funcionarem. A homologação faz muito sentido quando o objetivo é expansão com padronização. Afinal, manter a qualidade do serviço ou produto final tem tudo a ver com a escolha da matéria-prima que está sendo utilizada para tal.

Os desdobramentos da utilização dessa nova tecnologia levam a um incremento importantíssimo do faturamento da franqueadora, além de uma maior precisão na qualidade dos insumos na franquia. Isso possibilita a visibilidade de todas as transações de compra que estão acontecendo na rede e um controle ainda mais acirrado de um típico problema que
acontece em franquias que é a fuga de rede.

Posso afirmar com convicção que o processo de desenvolvimento dessa nossa tecnologia foi ridiculamente simples. Isso porque o produto já estava pronto e somente precisava ser implantado de forma específica, ou colocando os fornecedores de produtos necessários para aqueles franqueados como sellers no portal B2B da franqueadora. É como se o McDonald ‘s criasse um shopping center virtual, em que cada uma das lojas fornecesse um tipo de produto ou serviço diferente para cada uma das lojas McDonald ‘s, permitindo assim que, no mesmo ambiente, o lojista de Belo Horizonte, pudesse comprar, bandejas, guardanapos, batatas, óleo, uniformes, horas de consultorias, papel para impressão de cupons fiscais, é sistemas de gestão empresarial.

No caso da Flexy, a introdução desse conceito no mercado não foi tão simples quanto havia sido seu desenvolvimento, e a comunicação foi um fator decisivo para apresentar ao público essa nova ferramenta. Isso porque o cliente não sabia que isso tudo existia como uma possibilidade e por isso não procurava nada parecido.

É como você tentar vender terapia para resolver problemas empresariais. O empresário talvez nem saiba que está com problemas psicológicos, mas se isso se torna uma demanda de mercado, quem sabe surjam os coaches de vida!

É aí que está o foco deste artigo – como dar nome a um produto que tem uma função que ainda não existe e por isso ainda não é procurada em mecanismos de busca? As áreas de compra das franquias conhecem os e-procurements, os leilões reversos e os processos licitatórios de tomada de preços, mas não imaginem que um portal de e-commerce possa
cumprir essa função com uma eficiência ainda maior do que as citadas modalidades cumprem. Assim, o franqueador desconhece que pode usar essa tecnologia para compras, como também faz em vendas.

Comunicar isso foi e ainda é um desafio de muita persistência, quase como um trabalho de evangelização. É claro que um grande orçamento para comunicação seria uma grande ajuda para realizar esse trabalho, porém esta não era a realidade. Levamos cinco anos para emplacar com três grandes redes de franquias e, se de um lado está a nossa dificuldade em comunicar, encontrar um nome para o produto e vencer a falta de tempo do nosso público em aprender
algo tão técnico, por outro lado temos uma resistência típica do ser humano à mudança.

Precisamos nos desafiar constantemente a encontrar soluções inovadoras para as necessidades do mercado. Quando criamos algo revolucionário, o caminho nem sempre é fácil, mas é recompensador ver nossa visão ganhar vida e fazer a diferença nas operações de grandes redes de franquias.

Agora, olhando para trás, estou extremamente orgulhoso de ter persistido na jornada dessa inovação. Ver como o e-commerce para fornecedores homologados impactou positivamente o funcionamento de três grandes redes de franquias é a prova de que a visão e a dedicação podem gerar resultados surpreendentes. A resistência à mudança e a falta de seriedade por parte de algumas empresas foram obstáculos que enfrentamos. Mas, como alguém apaixonado por comportamento humano na resistência à inovação, sei que é fundamental enfrentar essas barreiras com perseverança e determinação.

Acredito que a transformação do futuro vem com um alto custo, mas é um preço que vale a pena pagar para moldar uma sociedade mais avançada e conectada. Nesse processo, é fundamental compartilhar conhecimento e promover a clareza de comunicação para que a inovação se torne acessível a todos.

Agora, estímulo você, leitor, a compartilhar a sua história de inovação aqui nos comentários e contribuir para um mercado mais inovador e menos resistente.