É HORA DE EXPORTAR

Um olhar sem maiores exigências até pode encontrar pontos muito positivos no desempenho das exportações brasileiras nos últimos anos, tendo especialmente em conta os volumes e saldos comerciais crescentes – o que celebrado – culminando com o recorde de uns 320 bilhões de vendas externas em 2022.

     É claro que muitos analistas mais exigentes lembram que existem pontos que merecem muita atenção nesse resultado, como a forte dependência das vendas de algumas commodities, em cujas cotações o Brasil não pode influir desde que oscilam no vaivém da situação, humor e interesses de alguns grandes players internacionais e, como grande destaque, as compras da China que, nos últimos 15 anos, têm sido absolutamente fundamental para a manutenção de resultados positivos no comércio internacional do país.

     O que, de qualquer modo, isso significa vulnerabilidades que o bom senso indica a conveniência de reduzir com inteligência e gradualismo utilizando mecanismos de lógica nas lides internacionais, como por exemplo, focando com muita energia, vender para mais mercados, mais produtos e com o protagonismo de mais exportadores.

     Nesse caminho, outro ponto fundamental é a manutenção de esquemas permanentes de marketing internacional procurando manter um elevado padrão de competitividade em cenários de guerra comercial permanente, realidade evidenciada nas últimas décadas que, para muitos especialistas, é arena onde as nações procurarão mais negócios e mais lucros, “duela a quién duela”.

     Nesse contexto, sem esquecer que nesse nosso mundo globalizado o comércio exterior é uma das medidas mais importantes para julgar a importância de uma nação, as exportações brasileiras têm também o rol estratégico de contribuir diretamente para manter e acelerar o processo de desenvolvimento que, convenhamos, nos últimos tempos tem andado de lado registrando índices claramente insuficientes para as necessidades de um crescimento economicamente sustentável.

     A presença promocional contínua no exterior  tem sido um valioso aliado para aumentar  as vendas internacionais,  como demostra a evolução das cifras de comércio dos 5 principais exportadores asiáticos, que  mantêm  mais de 180 Trade Centers nas mais importantes cidades do mundo, os quais operam como  centros especializados de negócios no exterior com espaços adequados para exposição permanente de produtos em esquemas rotativos, além da missão de  coordenar e/ou executar outras ações de marketing, tais como vendas; promoção de eventos; lançamentos de produtos; publicidade; pesquisa de compradores, de concorrentes, de tendências, de potencial de mercado, de preferenciais, de preços, etc..

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     Por outra parte nossas exportações, que oscilam em apenas 1% do total mundial, estão fortemente concentradas em poucas centenas de grandes empresas, muitas delas multinacionais, o que, entre outros fatos indica a conveniência estratégica de multiplicar o número de vendedores nos mercados mundiais, motivando a mais empresas – especialmente as pequenas e médias (P&M), notadamente industriais – a competir internacionalmente, tanto pelo significado específico do negócio além fronteiras, como pela percepção de que o sucesso no mercado interno recebe a influência direta das atividades externas, desde que ambos os espaços mantêm, cada vez mais, íntimas relações de interdependência.

Ou, em síntese: É uma boa oportunidade para crescer mais e melhor no mercado interno a partir dos benefícios das ações nos mercados externos.

Por Miguel Sainún Nozar, economista, escritor e mentor, com uma visão especial sobre o papel do empresário na construção do futuro.