Uma Nova Ordem

Por Miguel Sainún Nozar, economista, escritor e mentor, com uma visão especial sobre o papel do empresário na construção do futuro.

Prenunciando uma nova era, correm desbocados quatro cavalheiros do apocalipse* – Doença, Guerra, Inflação e Crise Energética – deixando uma esteira sombria de infortúnios que, de mil modos, lembra que partilhamos de um mundo globalizado onde a distância, o credo e o tamanho já perderam importância como salvaguardas de acontecimentos indesejáveis que podem acontecer em qualquer lugar do planeta.

Ao mesmo tempo, para muitos observadores internacionais, está em gestação uma mudança fundamental nas relações entre as nações que deve configurar um quadro geopolítico muito diferente daquele consolidado a partir do final da II Guerra Mundial e que perdura até nossos dias.

Nessa possível alteração no arranjo dos interesses que compõem o caleidoscópio de nosso tempo, não existe dúvidas que a globalização continuará como uma força poderosa, intocável e necessária para o progresso da humanidade.
O tempo tem comprovado que nesse mundo compartilhado, mutante, exigente e que, gostemos ou não, teima em devorar as empresas que não conseguem acompanhar o rumo incerto dos negócios, a mudança é uma necessidade imperiosa para adaptar-se às condições desse novo cenário. E pouco importa o tamanho – vale para grandes, médias e pequenas organizações – porque os desafios de uma nova era são qual tsunami que arrasta todo o tradicional para abrir caminho para o “novo”.

Por exemplo: se estamos convencidos que nos tempos vindouros a nova riqueza das empresas passa a ter como paradigmas o conhecimento, a inteligência, a coragem, a ousadia, a inovação e a criatividade, é preciso sair do comodismo fácil do tipo “os fatos do passado são uma boa base para entender o presente” para a ousadia de acreditar que “a visão do futuro deve dar forma ao presente”.

Assim, quando se pensa na competitividade como o resultado final da excelência empresarial, nada melhor que fugir como gato escaldado do axioma empoeirado “ fuja das ameaças”, para buscar o refúgio seguro em “transforme as ameaças em oportunidades” . E, escapar de “todo se consegue resolvendo problemas”, para o dinamismo de “todo se consegue explorando oportunidades”. O que significa ter a coragem para deixar de lado “procure ser o melhor” para o desafio extremo de “procure ser diferente”.

De qualquer modo, lutar com hábitos enraizados no comodismo não é fácil. Porém, é questão de sobrevivência e crescimento sustentável.

Em soma, essa “nova força” está ocupando espaços privilegiados nos sistemas avançados de gestão de negócios, tendo como energia propulsora uma extraordinária mudança de atitudes dos “Executivos para o Século XXI”, que são reconhecidos por sua capacidade para afrontar obstáculos e ganhar mercados, muitas vezes contestando frontalmente os sistemas tradicionais de administração de negócios.

Esses executivos, longe de temer e fugir das mudanças, amam a inovação, a flexibilidade, a descentralização e a autonomia; orientam suas estratégias para a diferenciação, a qualidade e a produtividade; estão permanentemente em sintonia com os anseios e expectativas dos mercados e, o mais importante, criam mercados.

Do mesmo modo, fundamentam suas ações no valor das pessoas e na obsessão por um serviço insuperável ao cliente, mantendo uma visão abrangente do entorno econômico e social sem descuidar outro ponto essencial: estabelecem como missão insubstituível sua autoeducação permanente e um estímulo eficaz para a educação das pessoas sob seu comando.

Os mais renovados gestores de ativos reconhecem que essa nova categoria de valores – que não aparece nos balanços, desde que intangíveis – representa muito mais fielmente a grandeza e a importância de uma organização, cujos pontos sobressalentes podem ser encaixados no entorno de conceitos como: 1) capacidade inovadora; 2) imagem; 3) marca; 4) conhecimento; 5) liderança esclarecida, moderna e motivadora; 6) visão do futuro; 7) criatividade; 8) capacidade de gerar e/ou adotar novas tecnologias; 9) gente competente e comprometida; 10) equilibro.

Bem, apenas por comodidade, citei apenas 10 desses valores intangíveis que, sob qualquer ponto de vista, são parte essencial
da capacidade de gerar riqueza e marca registrada de empresas vencedoras.

*Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse –, peste, guerra fome e morte – são personagens descritos na terceira visão profética do Apóstolo João.